Cartórios e pássaros - por Rainey Marinho

28/08/2018 Presidente da Anoreg-AL, Rainey Marinho, anuncia a produção de campanha para divulgar os serviços notariais e de registro

Na semana que passou, aqui na Anoreg Alagoas, contratamos uma empresa de publicidade para juntos produzirmos uma série de vídeos que iram tratar do cartório em um universo mais íntimo com seus usuários. Vamos, ao longo dos próximos meses, elaborar vídeos didáticos a respeito dos serviços mais habituais utilizados em nossos cartórios. O intuito não é produzir uma campanha publicitária comum. A intenção é abrir os cartorários de Alagoas para uma aproximação sem igual com o mercado e com as pessoas que utilizam seus serviços todos os dias, esclarecendo não só a nossa importância, como também o modo como lutamos diariamente para disponibilizarmos o produto final, que é segurança jurídica e credibilidade.

 

Durante a pesquisa para esse trabalho, percebemos o quanto as pessoas que passam por nosso segmento acreditam inteiramente nos atos produzidos por nós, notários e registradores do Brasil. Elas saem de nossos serviços com uma sensação de paz diante de uma escritura de transferência lavrada, uma procuração emitida, uma associação regularizada ou a felicidade do registro de nascimento de um filho tão desejado.

Apesar disso, durante esse processo fiquei com um gosto muito amargo na boca. Percebi que elas possuem um total desconhecimento do longo caminho que a dita credibilidade percorre para ganhar vida e ser efetivada.

Essa incompreensão é um preço muito caro que pagamos. Somos uma espécie de remédio amargo que causa o bem e cura, mas que não deixa uma sensação agradável quando ministrado. Tudo por conta de um distanciamento técnico de nossa categoria do usuário final, em um mundo tão cheio de comunicação e informação.

Falta em nosso universo diário uma palavra muito utilizada em informática, mas extremamente real nas relações sociais, quando se quer sucesso em objetivos claros de parceria com a sociedade. Precisamos de conectividade. Bem mais, falo em conectividade social, para ser mais direto.

Esse sentimento chegou a mim de forma avassaladora em nossas discussões na criação do vídeo. Percebam que muitas pessoas confundem a responsabilidade social com a conectividade social. A primeira nos leva a sermos protagonistas unilaterais de ações que beneficiem a sociedade. Vamos ao encontro da população e pontualmente agimos. A segunda é o amálgama de nossa credibilidade. A sociedade tem de crer e saber.

Como entidades de classe responsáveis pelo destino de tantos cartórios e tantos usuários no país, urge produzirmos campanhas esclarecedoras que mostrem o elevado grau de responsabilidade, capacitação e empenho na produção dos mínimos atos em nossos serviços. Não adianta nos omitirmos perante uma questão tão relevante.

Outro ponto importante é que sentimos nos cartorários certa preocupação em apresentar seus serviços no vídeo. Um receio de abrir-se à sociedade através da câmera. Ao final, fiquei muito feliz com o resultado do primeiro trabalho finalizado, pois entendo que chegou a hora de tentarmos ser pássaros novamente. Não entenderam? Vou explicar através das palavras do escritor Mia Couto, nascido em Moçambique, de que tanto gosto:

“Não é segurando nas asas que se ajuda um pássaro a voar. O pássaro voa simplesmente porque o deixam ser pássaro.”

Soltemos nossas asas.

Fonte: Rainey Marinho

Em 28/08/2018